Terra dos Diamantes

O ódio, a revolta, a indignação e todos os mais insanos e nobres sentimentos são transformados em poesia nas letras dos raps nas periferias do Brasil.
Chamam-nos de malandro, zombam de nosso estilo Afro, nos confundem com marginais, e esquecem que somos descendentes de Rainhas e Reis que vieram da África, escravizados, mas nunca dominados.
A letra abaixo é trecho de uma bela poesia, transformada em canção de mais um sobrevivente Negro dos guetos da grande Minas Gerais. Na intelectualidade, o Irmão Johnny “Black” Alves Militante da juventude negra, integrante do grupo de rap Família Fator X de Uberaba/MG expressa o que sente...

Com vocês... trecho da canção Terra dos Diamantes

Preto e branco é cor a raça é humana
Racismo, ódio aumenta o fogo dessa chama
Um povo humilhado e sendo oprimido
Segregados e trazidos dentro de um navio
Muita lágrima, dor, angústia e sofrimento
Sangue é vida, mais não nesse momento
O amarelo, o vermelho e o verde
A discriminação foi o homem quem fez
Mil desculpas; por dizer o que quero
O “capa preta” (juiz) quer bater o martelo
Mas somente Deus dará a sentença que espero
Será... que esse é preço?
Que meu povo pagará por ter nascido preto?
Mas siga em frente, siga seu caminho
Pra se tocar na rosa tem que tirar o espinho
Sei que nessa vida eu tô de passagem
Meu amor pela África declarado em tatuagem
Pode acreditar a mudança não está distante
Brasil, África! Terra dos diamantes.

Como pode um país tão rico ter tantos filhos ainda explorados? Escravizados pela injustiça e pelo racismo institucional?
Como pode, ainda em pleno Séc. XXI ter que brigarmos por políticas de reparação?
Não dar mais para suportar tamanha covardia. Não agüento mais ser esquecido, ser explorado.
Minha indignação vai de encontro ao sentimento de todos que acreditam que ainda hoje neste país a injustiça extermina os mais fracos.
A pobreza assalta os que mais necessitam. A fome nesta terra de alimentos ainda mata nossas crianças...
Eu quero um Brasil melhor para o meu filho... e Você???